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terça-feira, 19 de julho de 2011

A Caçada

por Luiz Santiago

     A Caçada é o terceiro filme de Carlos Saura, e dentro da esfera política, o mote da primeira fase de sua carreira, a obra se revela de um significado e importância muito grandes. Por mais que os acontecimentos do filme sejam lancinantes, é impossível não salientar a beleza que emana de cada fotograma.

     O filme é também uma das diversas abordagens da Guerra Civil Espanhola feitas por Carlos Saura. As significações metafóricas engendradas pela caça e pelos caçadores (povo X Exército) se perdem em seus labirintos de interesses e impasses particulares – principalmente os psicanalíticos, outro tema muito abordado pelo mestre espanhol.

     Um perverso jogo de ego entre os homens (de um elenco quase totalmente masculino) começa a ser levado a sério demais e culmina na eliminação da ameaça que é o outro, mesmo que ele não seja, de fato, uma ameaça. O mesmo pensamento pode ser aplicado à questão da guerra, assunto recorrente no filme.

     O roteiro ganha força aos poucos, como se acompanhasse o lento desenrolar do dia muitíssimo quente que os protagonistas escolheram para caçar. A cena da caçada de coelhos é tão inebriante quanto o mesmo tipo de sequência mostrado em A Regra do jogo. A fotografia quase natural e o caráter quase unicamente externo do filme dão-lhe uma atmosfera de falsa liberdade, ou pode servir como força inversa, opondo o “estar livre” no mundo, e “ser livre” de fato. A Caçada é um filme soberbo. Essencial para a filmografia de qualquer cinéfilo.


A CAÇADA (La Caza, Espanha, 1966)
Direção: Carlos Saura
Elenco: Ismael Merlo, Alfredo Mayo, José María Prada, Emilio Gutiérrez Caba, Fernando Sánchez Polack, Violeta García, María Sánchez Aroca.
Cotação: *****
Texto extraído do blog 
http://cinebuli.blogspot.com/

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