Críticas e curiosidades sobre cinema, extraídos de alguns dos melhores sites e blogs.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Código 46

por Luiz Santiago


     O grande erro de boa parte dos filmes muito ruins é serem pretensiosos e se acharem bons demais. Esse é o triste e repugnante caso de Código 46.

     Se estivesse em um concurso do tipo “Quem imitar melhor Fahrenheit 451 e conseguir misturá-lo melhor à cartilha hollywoodiana de Ficção Científica ganha um prêmio” certamente esse seria até um bom indicado. A estilização fotográfica nas tomadas internas, nas grandes Metrópoles à noite, e a secura marrom e amarelada das cidades “de fora do sistema” tem o seu valor, mas eles são totalmente nulos quando observamos o todo do filme. Sem contar a famosa “Escola das Ideologias Invertidas” que o filme expõe, criando uma pseudo crítica ao sistema, quando na verdade, o desfecho da obra nos prova exatamente o contrário.

     E por mais que tenham elogiado a dupla Tim Hobbins e Samantha Morton, não senti absolutamente NADA da tal “química” entre eles. E depois, aquela narração-guia desnecessária quebra todo e qualquer tipo de ritmo interno do filme, as coisas nunca se encaixam e a tentativa de plasmar um final lírico saiu pior que encomenda. Mais um lixo que lamento ter perdido meu tempo para vê-lo...

     Em tempo: será que o diretor e o roteirista acharam cult misturar palavras de origem latina (especialmente em espanhol) nos diálogos durante todo o filme? Ninguém da produção ou da equipe técnica percebeu o quão ridícula foi essa escolha? Sem comentários...


CÓDIGO 46 (Code 46, UK, 2003)
Direção: Michael Winterbottom
Elenco: Tim Robbins, Togo Igawa, Nabil Elouahabi, Samantha Morton, Sarah Backhouse, Jonathan Ibbotson, Om Puri, Emil Marwa, Nina Fog, Christophe Simpson, Jeanne Balibar.
Cotação: *
Texto extraído do blog
http://cinebuli.blogspot.com/

A Caçada

por Luiz Santiago

     A Caçada é o terceiro filme de Carlos Saura, e dentro da esfera política, o mote da primeira fase de sua carreira, a obra se revela de um significado e importância muito grandes. Por mais que os acontecimentos do filme sejam lancinantes, é impossível não salientar a beleza que emana de cada fotograma.

     O filme é também uma das diversas abordagens da Guerra Civil Espanhola feitas por Carlos Saura. As significações metafóricas engendradas pela caça e pelos caçadores (povo X Exército) se perdem em seus labirintos de interesses e impasses particulares – principalmente os psicanalíticos, outro tema muito abordado pelo mestre espanhol.

     Um perverso jogo de ego entre os homens (de um elenco quase totalmente masculino) começa a ser levado a sério demais e culmina na eliminação da ameaça que é o outro, mesmo que ele não seja, de fato, uma ameaça. O mesmo pensamento pode ser aplicado à questão da guerra, assunto recorrente no filme.

     O roteiro ganha força aos poucos, como se acompanhasse o lento desenrolar do dia muitíssimo quente que os protagonistas escolheram para caçar. A cena da caçada de coelhos é tão inebriante quanto o mesmo tipo de sequência mostrado em A Regra do jogo. A fotografia quase natural e o caráter quase unicamente externo do filme dão-lhe uma atmosfera de falsa liberdade, ou pode servir como força inversa, opondo o “estar livre” no mundo, e “ser livre” de fato. A Caçada é um filme soberbo. Essencial para a filmografia de qualquer cinéfilo.


A CAÇADA (La Caza, Espanha, 1966)
Direção: Carlos Saura
Elenco: Ismael Merlo, Alfredo Mayo, José María Prada, Emilio Gutiérrez Caba, Fernando Sánchez Polack, Violeta García, María Sánchez Aroca.
Cotação: *****
Texto extraído do blog 
http://cinebuli.blogspot.com/